terça-feira, 14 de dezembro de 2010

PORQUE SOMOS PROFESSORES



Tarcísio Mauro Vago e Rodolfo Novellino Benda
(Professores da EEFFTO/UFMG)

  
Para o Professor de Educação Física Kássio Vinícius Castro Gomes,
em honra de sua VIDA, e aos que compartilham a imensa dor de sua perda.

“Me diz como pode acontecer, um simples canalha mata um Rei, em menos de um segundo...”

 Há exatos 30 anos, Milton Nascimento cantou este verso para Lennon.

 Agora, tristes, dilacerados pela dor, perplexos e indignados, cantamos o mesmo verso para Kássio Vinícius Castro Gomes, o Filho, o Esposo, o Pai de 2 Crianças, o Amigo querido e generoso, o Professor de Educação Física de tantos Alunos e Alunas.
 É impossível dimensionarmos racionalmente o tamanho desta perda...
 Kássio era para nós também um Rei, mas um Rei escolhido por nós, do nosso jeito. E nós o perdemos tão cedo, quando tanta VIDA havia ainda para viver. Tantos sonhos, tantas histórias...
 Como pode acontecer? Por que isso pôde acontecer?
É um “desenredo”, é esta “vida que a morte anda armando”, é esta “morte que a vida anda tendo...”, como cantaram dolorosamente Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro.
 Mas, Kássio era daqueles que queriam a VIDA DA VIDA. Por isso, foi um Rei à sua maneira.
 O nosso carinho por ele, a nossa homenagem para ele, é CONTINUAR A VIDA: SER KÁSSIO por aí afora, por onde estivermos, diante de crianças, de jovens, de adultos, enfim, diante dos humanos, em todos os seus sentimentos, asperezas e contradições.
 É o que a VIDA de Kássio nos inspira. É o que sua VIDA nos exige. Porque foi isso que ele sempre fez: Viveu e quis ver a vida nascer, e a alegria se espalhar.
 Kássio “ficou encantado”, diria Guimarães Rosa, e agora é Estrela, é Luz, é Saudade, é Inspiração. Uma Estrela a indicar caminhos, nos pedindo para insistir na Esperança, no Afeto, na Solidariedade, na Amorosidade, na Justiça.
 Brilhe para nós, Kássio, que precisamos tanto, para CONTINUAR A VIDA.
 E para CONTINUAR A VIDA é preciso EXIGIR que seja realizado o Direito de Kássio, de sua Família e de seus Amigos à Justiça. É o mínimo que lhe devemos, em honra de sua VIDA.
 E nós estamos aqui para EXIGIR JUSTIÇA.  
 Como pode acontecer?
 Este absurdo acontecimento, que causou comoção à população de Belo Horizonte e de Betim, onde Kássio morava, e estarreceu o Brasil, não pode ficar impune.
 Um Professor chega para exercer seu Ofício em seu lugar de trabalho, o Instituto Izabella Hendrix. Em seu interior, é atacado por um estudante do Curso de Educação Física, que conseguiu entrar armado com faca nesta Instituição que se diz ‘protegida’. Em instantes, este Professor está morto. Um crime traiçoeiro, covarde, premeditado.
 Infelizmente, foi também uma tragédia anunciada, e que poderia ter sido evitada: este aluno já havia causado problemas na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), de Belo Horizonte, à qual esteve matriculado em 2008. Lá, ameaçou e perseguiu Professores e Estudantes, foi denunciado à Polícia, e sua família ‘convidada’ a retirá-lo de lá – expediente usado para não caracterizar expulsão.
 Pelo Direito à Justiça, conclamamos que as autoridades desta Instituição, e também seus Professores e Estudantes, venham a público dar conhecimento dos problemas então causados por este aluno, enquanto esteve lá. Uma atitude que poderá ser decisiva.
 Após ser ‘retirado’ da UNIVERSO, lamentavelmente, outra Instituição de Ensino Superior de Belo Horizonte,  o Instituto Izabella Hendrix, recebeu este aluno com uma simples transferência, sem realizar procedimentos acadêmicos rigorosos para o ingresso em seu corpo discente. Atitude que caracteriza descuido e irresponsabilidade acadêmicas. Ainda mais em uma Instituição que usa como propaganda o fato de ser centenária. Este tempo, por si só, não é garantia de qualidade. Mas, exatamente por ser centenária, esta Instituição tem como obrigação zelar por uma Educação Superior de qualidade. Infelizmente, parece mais evidente que orientou-se por interesses econômicos.    
 O que se exige e se espera desta Instituição, se ela quer respeitar sua própria História, e não maculá-la ainda mais, é que não se preocupe tanto em preservar seu nome, mas em assumir atitude digna diante da gravidade do acontecimento: expor à Justiça os fatos, com depoimentos de suas autoridades sobre todo o histórico escolar deste aluno e entregando todas as provas indiciárias de que dispuser.  
 E, principalmente, que ofereça, de fato e não por mera retórica, à Família do Professor Kássio, todo o amparo jurídico para realizar seu Direito à Justiça. Contratar Advogados e assumir seus custos são suas obrigações mínimas. O silêncio desta Instituição (o mesmo silêncio que pediu a seus Professores por mensagem eletrônica), as tentativas de tomar o fato como “caso isolado” e de procurar manter seu cotidiano em normalidade (procedimento mais que artificial, desumano), poderão ser vistos como sinônimos de cumplicidade com a violência. Será outra barbaridade contra o Professor Kássio e à sua Família.
  Este lamentável acontecimento também exige ser analisado tendo em vista as circunstâncias em que se realiza o ensino superior privado no Brasil. É evidente a crise que muitas dessas Instituições experimentam, depois de anos de crescimento desordenado, em que critérios acadêmicos mínimos foram e são atropelados, em uma busca desesperada por alunos (mais verdadeiro será dizer ‘clientes’). A absoluta falta de rigor acadêmico em processos seletivos para ingresso expressa mensagem de que o que importa e acaba decidindo a entrada e a permanência de alunos em tais instituições é aumentar o efetivo que paga suas mensalidades. Sim, sabemos de exceções, sabemos que existem instituições privadas idôneas, mas elas apenas confirmam a regra.
 A Educação Superior é direito de todos, e somos desde sempre favoráveis às ações que o ampliem, especialmente àqueles que sempre foram excluídos dele. No entanto, a realização deste direito há que ser simultânea à garantia da qualidade acadêmica da Educação Superior, o que só se consegue com princípios e práticas acadêmicas rigorosas, que não se deixam capturar nem tampouco reduzir aos interesses de uma indústria de diplomas – que não tem escrúpulos quando se trata de obter lucros.
 A conseqüência é a banalização da Educação Superior, em que o ingresso, a permanência e a aprovação se dão a qualquer preço – ou melhor (ou pior), ao preço de uma mensalidade paga em dia. Sem critérios, sem rigor, sem procedimentos acadêmicos, o que temos? Temos isso que está aí... 
 Uma das conseqüências perversas disso que temos aí sob o nome de “ensino superior privado” é a exposição de Professores e Estudantes à insegurança, à violência, à barbárie. O Professor Kássio foi mais uma vítima destas circunstâncias. Importa compreender que tais circunstâncias não são obras do acaso: são produto do modus operandi predominante em instituições de ensino superior privado.
 Particularmente, o Professor se vê desprotegido, desamparado e  desautorizado no exercício de seu Ofício.  É o maior prejudicado. Todos os dias a morte o espreita: a morte de sua vontade, a morte de seu ímpeto, a morte de seu desejo de se envolver com a Educação. E a morte mesmo, crua e bárbara. Temos morrido um pouco a cada dia...  
 No entanto, é preciso enfrentar essas mortes. Enfrentar a barbárie. Para que ela não se repita. A barbárie não pode ser maior que nós.
 Por isso, a nossa dor de agora se expressa também em nossa rebeldia. Não é hora de calar.
 Nos rebelamos contra o aviltamento de nosso Ofício de Professor. Nos rebelamos contra as precárias condições em que nosso trabalho se realiza, em que o salário humilhante é apenas a parte mais visível. Nos rebelamos contra a mercantilização da Educação.
 Repudiamos este intolerável atentado à nossa condição de Professores.
 Há algo de muito errado em uma sociedade em que Professores são mortos dentro de escolas...
 Os Professores queremos isso: respeito à nossa condição.
 O que temos feito?
 Contra todas as dificuldades, e ainda que também estejamos sujeitos ao erro, temos nos esforçado para oferecer com o nosso trabalho uma contribuição para a Cidadania, procurando formar profissionais de várias áreas, todas necessárias ao País. Mas, nossa Profissão tem sido constantemente desvalorizada.
 Tentamos primar pelo rigor acadêmico, valorizar a aquisição de conhecimentos fundamentais à formação e a intervenção profissionais. É o que a sociedade, com toda razão, espera de nós.
 Porque somos Professores, trabalhamos com a palavra, o argumento, os conhecimentos vindos das ciências e das culturas para olhar a realidade que nos envolve. 
 Porque somos Professores, procuramos agir para potencializar o que é bom, e para enfrentar as nossas muitas dores sociais.
 Porque somos Professores, assumimos compromissos com os problemas que afligem nosso País, nossas crianças, nossos jovens, nossos adultos.
 Porque somos Professores, continuaremos trabalhando para a construção do presente, e do futuro. Não importa o quanto distante esteja. Importa é que estamos aqui.
 Porque somos Professores, pedimos apenas isso: RESPEITO E DIGNIDADE PARA A NOSSA PROFISSÃO.
 Porque somos Professores, exigimos JUSTIÇA: para o Kássio, para toda a sociedade. 
 Porque somos Professores, são estas as nossas maneiras de amar este nosso País tão querido.
 Professores são aqueles que “escrevem cartas para o futuro”, alguém disse –  escrevem cartas no presente para que exista futuro...
 O Professor Kássio vinha escrevendo suas cartas, e elas eram tão bonitas. E nós sabíamos disso. Todos os seus alunos e alunas sabem disso. Sua Família sabe disso.
 Nós, seus amigos Professores de Educação Física, sentimos muito orgulho de tê-lo tido entre nós.
 Porque somos Professores, PORQUE SOMOS KÁSSIO, continuaremos a escrever cartas. Não nos matem. Tratemos de cuidar da VIDA.
 Pelo Kássio. Por nós. Pela própria VIDA.
 A VIDA CONTINUA.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Passa logo, 12.

Do que adiantam momentos, se naquele momento, nada é possível.
Do que adiantam torpedos, se naquele momento, eles não nos aproximam.
Do que adiantam mensagens, se naquele momento, elas nos distanciam.
Do que adiantam sonhos, se naquele momento, eles não se realizam.
Do que adianta uma data comemorativa, se naquele momento, existem mais de 600km.
Na verdade, do que adianta o nós, se naquele momento, estarei sozinha.


Eta São Paulo que  me confunde, me tira do sério, me desafia e...me faz não estar nem ai pra uma data, e sim para todas as outras.


Comemore dai, que eu, com certeza, comemorarei daqui.





domingo, 6 de junho de 2010

Jogue suas tranças, Rapunzel.

E quanto mais o tempo passava, maior ficavam aquelas tranças...Primeiro, expectativas diante do inusitado. Afinal, quando é que aquela moça imaginaria reencontrar um nobre que nunca supôs se envolver.
Lindo, jovem, empreendedor, o mais desejado da corte, o mais educado, gentleman...um lorde respeitador.
Mas, naqueles tempos, o nobre tinha seu compromisso e honrava sua farda, sua espada e sua dama.
Que bom que os tempos da idade média também se passavam e com ele, e as tranças de Rapunzel, muita coisa mudava...até mesmo o comprossimo deste nobre lorde.
De um simples membro da nobreza, agora um príncipe...hummmm....muito interessou à jovem Rapunzel.
Ainda na espera, deixando suas tranças ao léo, lá estava ela...sem eira nem beira...aproveitando mais um por do sol.
Oh...Quem é visto ao final da colina? O jovem príncipe.
E nesta inusitada visão, o despertar de algo nunca sentido e imaginado por ela.
Mas, por que nao?
Desta visão, um olhar mais próximo...deste olhar, uma rosa enviada, desta rosa, uma canção...mensagens, pombos correios...nossa!!! até quando iria aquele momento de fantasia romântica?

Pra surpresa de Rapunzel, o romantismo daquele Lorde concretizou-se em atitudes...hummm...atitudes...
O príncipe foi até ela em seu cavalo alado...isto mesmo, superou a barreira da torre, a ira dos guardiões...e até esqueceu seus compromissos do passado...e lá estava ele.

Lindo, olhos azuis, educado e recatado com um ar de vilão...e Rapunzel se entregou ao seu príncipe, como nunca havia feito.

Mas, depois de anos a esperar, Rapunzel sabia que tudo poderia acontecer...e que uma linha tênue dividia o céu do inferno.


Nuvens claras, escuras, tempestades...chuva, sol, trovoadas...e lá se vai seu príncipe...no mesmo cavalo alado, para mais um grande tempo distante.

Hummm...à Rapunzel só cabia duas coisas: esperar e sonhar por um novo momento...ou...

Jogue suas tranças, Rapunzel. E ela jogou.

domingo, 23 de maio de 2010

Cara Élida

Nunca me esquecerei daquelas palavras: "preocupe-se com os defeitos que você não pode consertar, para todos os outros...use Mastercard"...
Brincadeiras à parte, é assim que começo esta história. Ouvi falar. As fontes não serão reveladas, assim como os protagonistas. Para estes, pseudônimos serão usados. Desta vez, não faço parte, apenas acho que vale a pena narrar.

Era mais um final de seman sem graça, quando Élida* deparou-se com o nada. Choro, preguiça, lágrimas e nada. A solução foi navegar...navegar, navegar e ingressar no conto de fadas virtual.
Plim! Plim! Lá estava ela em mais uma paquera em busca do príncipe virtual. e não é que a danada achou. Louro, pele bronzeada, conversa mansa, gentilezas virtuais...e...um encontro marcado.
O local sem nenhuma discrição, afinal, tranformar o imaginário em real poderia ser arriscado demais. E ela, com toda inteligência que lhe era peculiar, escolheu certo...o mercado*, este seria o local.
"E se ele for feio? E se a foto for de outra pessoa? E se for um sapo? E se?" . Ele chegou. Um homem simpático, sorridente, gentil como a internet...até ai, a nossa personagem não hesitou em demonstrar contentamento ao saber que não seria mais um impostor em sua vida, pelo menos naquele primeiro momento.
Tudo estava em ordem...aparência (primeira impressão é a que fica), papo, valores, família, trabalho...ihihihihihih...ia tudo bem...até que projetos futuros tornaram-se o tema da conversa.
ela sonha em ir pra direita, ele prefere começar pela esquerda. Ela acredita na leveza do ser, ele desconfia de tudo. Ela é branco, ele é roxo. Ela é da zona sul...e ele...
Bom, lembrando o começo desta história: há defeitos que podemos remediar...então, do mercado, para o cinema, do cinema, para jantares, bares, amigos, telefonemas...e...nada do vamos ver. É, esta Élida não é mais a mesma...agora que o Rodolfo* existe, nada dela se permitir.
Mas é compreensível. Quem conhece a história daquela jovem mulher entende que dar passos significa mudanças maiores que ela acredita alcançar. Ainda mais gostando do tempero baiano, mineiro, paulista, latino, francês etc, etc etc...É aquela velha história, tá com tudo e não tá prosa. Muito escolhe, nada tem. Olha o frasco, esquece a essência.


Pois é, e ai, esta moça indecisa tá cozinhando o Rodolfo...não te largo, porque te quero...não sei se te quero, por isto não te largo...e que cara paciente.

Cara Élida, me permita palpitar:
"Tire a armadura. Quebre paradigmas. Acredite que podemos mais do que o mundo oferece. O que está de fora podemos alterar de alguma forma, se quisermos. Mas o que importa é o que está lá dentro, se é oriundo de solo fértil, vale a pena cultivar, se não, ai sim, vale a pena abandonar."

Olha, preciso deixar pra depois esta história. Sei que ainda muito coisa terei pra contar. Preciso conversar mais com Élida*.


* Élida é um pseudônimo. A protagonista é uma grande amiga e ela nunca me perdoaria se seu nome fosse revelado...rs

terça-feira, 4 de maio de 2010

A frustração que se explica. Salve a liberdade!

Sabe aquela história do 10o. andar?
Bom, a minha inspiração para contá-la euforicamente zerou, mas...vamos lá.

Foi demais, chegar àquele single flat e ser surpreendida por um special Australian Breakfast preparado, on time, por um francês.
Torradas com mel, chá de jasmim, mini cake de baunilha, ovos mexidos com bacon, um incenso e Seu Jorge de trilha sonora. Isto mesmo, trilha sonora brasileira. foi ótimo...um café da manhã que durou até 4 horas da tarde.

Deste primeiro oficial beijo até uma semana antes da despedida da Austrália, vivi o que acreditei ser o maior amor de todos, o mais intenso, mais passional, mais leve, mais gostoso, mais quente, mais bem temperado: o tempero hot brasileiro, com o toque de classe francês.

É gente, mas há momentos que vivenciamos apenas para entender a razão desta vida. E este foi um deles. Em 15 de março, parti para casa em busca de um novo olhar...afinal, precisava voltar a enxergar. A história franco-brasileira ficou naqueles inesquecíveis momentos da minha feliz vida ozzie.

Os contatos se mantiveram, esporadicamente, por email e msn, mas...o tempo, aquele velho aliado das horas difíceis, se encarregou de guardar a saudade e esta história numa caixnha lá no fundo do meu coração, onde aprendi que precisamos seguir com o que é tangível, real e próximo, é claro.

A frustração se explica agora...semana passada foi aniversário dele. Com a melhor das intenções, descobri que ele era amigo de uma brasileira, amiga em comum com outro conhecido meu do Facebook. Imediatamente, pedi o contato telefônico do  Pasca...claro que consegui...mas, surpresa!!! Não é que a cidadã era a nova namorada do gato e eu não sabia? Ai que frustração...principalmente, porque ele me contou, via email, que ela teve crise de ciúmes, o que acarretou problemas para sua relação e para a minha, afinal... snif, snif...não nos falaremos mais. Depois  do stress, típico de algumas brasileiras histéricas - não é privilégio só da gente, viu? as gringas também podem ser - , resolvi que mais que guardada numa caixnha, esta história definitivamente acabou...nas minhas lembranças, na saudade e na vontade de um dia revivê-la.
Salve a liberdade!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Calorias

Gente, uma ajudinha da minha amiga Mayra...
Que descoberta!!!

O que são Calorias?

"Calorias são pequenos vermes, inescrupulosos, que vivem nos guarda-roupas e que, durante a noite, ficam costurando e apertando as roupas das pessoas".


SEMPRE DESCONFIEI QUE ERA ISSO MESMO !!!!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sentimentos, vontades...frustrações...cenas de um romance real


Frustrada, amigos... este é meu sentimento agora. Lembra que na postagem anterior eu avisei que contaria uma história. Então, lá vai...depois vocês entenderão minha frustração. É GRANDE, MAS VALE A PENA.

Era uma quinta-feira de novembro de 2008, algo em torno das 15 horas, quando a fome de mais um dia corrido em Sydney, bateu e me levou àquela padaria chinesa em frente à escola. Nossa! Era cada pão de encher os olhos, o estômago e o bolso, afinal, pagar pão em dólar não era fácil...rs. Mas, aquele de queijo era muito, mas muito bom..."I agree" - falou uma voz ao meu ouvido. Ok. Ignorei e continuei minha exploração àquelas apetitosas vitrines. E aquele recheado de chocolate em formato de cone, era simplesmente o mais gostoso dos pães que já comi..."What a coincidence! I love this bread too" - insistiu aquela voz ao meu ouvido. ai, o inevitável, virei para reclamar, como toda mulher histérica...Ops! Uau! É uma miragem?! Um Deus grego?! Um sonho? Não..."where are you from?" - perguntou o Deus, ops, o cara. Eu sou brasileira, respondi em inglês, é claro. "Tudo bem?" - de repente esta pergunta me foi feita em português. UAU! ele falava português, ou pelo menos com uma frase, me pareceu...rsrs...E deste tudo bem, trocamos telefones, contatos e marcamos nosso primeiro encontro. Afinal, não é todo dia que encontramos um havaiano (americano), criado e naturalizado francês, residente australiano, lindo, da sua idade, ou seja, na época 32 anos, bem sucedido, personal trainner na universidade de Sydney, SOLTEIRO...
Tudo bem, assumo que o ritmo europeu é bem diferente do brasileiro, isto significa que o primeiro, 2o, 3o, 4o encontro ficamos no zero a zero...isto mesmo, ZERO A ZERO, do aperto de mão ao beijo...nadinha...rsrs. Mas, eu era paciente e...persistente...queria ver até onde ia aqueles encontros de amigos.

Tudo bem que depois disto, isto já era meados de dezembro, o cidadão desapareceu no mundo. Se estivéssemos aqui no Brasil, eu diria que ele foi pro Japão se esconder de tudo e de mim. Como estávamos lá do lado, digamos que ele foi viver um período sabático no Japão...e foi mesmo. De 15 de dezembro até 15 de janeiro, nossos contatos foram zerados e se resumiam à minha "pentelhice" no seu facebook...

Não, definitivamente não, eu não poderia voltar pro Brasil sem aquela experiência, ainda mais depois daquela furada catharinense que eu havia acabado de entrar e sair (conto esta depois).

Não resisti. a minha pentelhice virou mensagens no mural...e destas, mensagens no celular e destas, troca de futuros planos...encontros...e destes futuros planos,...ele chegou. 
Neste meio tempo, eu já havia aprendido a enxergar o mundo diferente (alguns entendem o que falo, outros entenderão depois) e cada dia que passei naquele outro mundo, descobri que não havia tempo a perder...as oportunidades são únicas nas nossas vidas.

O próximo passo. Sabe que a coisa mais difícil, quando estamos aprendendo uma nova língua, é falar ao telefone? Meu Deus! como sofri sem conseguir falar...ainda mais eu que gosto demais. Mas, arrisquei, liguei e falei da vontade louca de reencontrá-lo. Deu certo! Despertei um lado nele que até então não imaginei existir...hot guy, hot guy.

Este telefonema gerou sms's diários, tentativas frustradas de reencontro (eu amarelava sempre) e uma ansiedade enorme, regada a muito curiosidade para conhecer o novo, aquela novidade francesa...rs. De novo, encontros casuais, visitas em minha casa e nada, definitivamente nada de um mínimo selinho...rs.

Quando, de repente, 7a.m., day off, uma mensagem chegou:
"would you like to have a special Australian breakfast in my place now? I seek you in 30 minutes."
Não, aquilo não estava acontecendo. Primeiro: como alguém me acorda às 07 da manhã do meu dia de folga! Segundo: como alguém convida a outro alguém assim tão impessoalmente para um café da manhã! Terceira: AHAHAHAHAHA,....o que eu faço agora???? (histeria mais uma vez normal para quem queria demais aquilo e não estava com coragem para enfrentar). Fui.

Amigos, fui...em 30 minutos, uma moto daquelas que eu nunca saberia o modelo, linda, grande, inclinada e azul, chegou à minha casa com um moreno de olhos azuis que..."Good morning, Pascal!". "Good morning, Lara!". "Let me take you to have the most amazing day in your Australian life?". "Yes, Off course."
E fui eu e aquele sonho, agora querendo virar real, para passear naquela motona pelo parque mais charmoso de Sydney, com direito à vista para o Opera House e a Harbour Bridge. Chegamos no bairro mais badalado de Sydney e, como se estivesse no bairro de Loudes em BH, entrei no elevador de  um prédio lindo. De repente, o moreno de olhos azuis aperta o botão de emergência do elevador. Meu Deus, como quis morrer naquele momento: de medo de ficar presa e de medo de estar sozinha ali com tudo aquilo. rs. As palavras que se seguiram concretizaram o beijo mais desejado da minha vida: "Take easy! I need to enjoy every minute of his side. And being stuck in the elevator, is an ideal place for the first time unforgettable."

Bom...acho que por hoje é só...vou deixá-los imaginar o que se sucedeu ao chegarmos no 10o. andar. Depois conto do special breakfast. E a frustração também se explicará no futuro.
Valeu!